quarta-feira, 21 de abril de 2010

Festa de São Benedito, Caiapós e Ternos de Congo, expressões da cultura popular de Poços de Caldas e região


Data: 08 de maio

Local: Instituto Cultural Companhia Bella de Artes – Cia. Bella de Artes

Rua Prefeito Chagas, 305 – Andar PL. – Telefone de contato: (35) 3715 5563 ou 9976 1513 (Greice Keli)

Msc. Maria José de Souza

Mestre em Antropologia e História pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP e militante do Centro Cultural Afro Brasileiro Chico Rei

O Projeto Ciclo de Oficinas Culturais Juventude e Cidadania é um projeto que visa incentivar agentes culturais, educadores, estudantes secundaristas e universitários, jovens e adultos ligados à produção cultural a refletir sobre a cultura, a cidadania e o conhecimento científico e popular dentro de uma proposta de ensino-aprendizagem dialógica.

Focado em oficinas ministradas por militantes culturais com notoriedade e grande reconhecimento público de seus trabalhos, como Carlos Rodrigues Brandão (Antropólogo), Nizar El Khatib (Comunidade de Cultura Árabe), Ronaldo Sales Senna (UEFS), Maria José de Souza (Centro Cultural Afro Brasileiro Chico Rei) dentre outros, o Ciclo de Oficinas Culturais Juventude e Cidadania é um projeto que existe há 4 anos e congrega militantes culturais, estudantes e educadores num espaço coletivo de construção do conhecimento. Com incentivo da empresa Alcoa Poços de Caldas através de sua aprovação pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura e pretende ampliar sua esfera de atuação e abrangência, com maior qualidade, profissionalismo e envolvimento da comunidade aprendente de Poços de Caldas e região.

Incentivo Cultural:

Alcoa

Apoio:

Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Nº 6363/96

Instituto Cultural Companhia Bella de Artes - ICCBA

A Escola é chata?


Você acha a escola chata e pensa que muitos professores são antiquados, saiba que você pode estar certo, mas a escola pode ser o que você fizer dela... Esse vídeo é muito interessante, vale a pena assistí-lo.

domingo, 18 de abril de 2010

Encontro com Milton Santos




Encontro com Milton Santos: O mundo global visto do lado de cá, documentário do cineasta brasileiro Sílvio Tendler, discute os problemas da globalização sob a perspectiva das periferias (seja o terceiro mundo, seja comunidades carentes). O filme é conduzido por uma entrevista com o geógrafo e intelectual baiano Milton Santos (1926–2001), gravada quatro meses antes de sua morte.

Considerado um dos maiores pensadores brasileiros do século XX, Milton Santos não era contra a globalização e sim contra o modelo de globalização perversa vigente no mundo, que ele chamava de globalitarismo. Analisando as contradições e os paradoxos deste modelo econômico e cultural, Milton enxergou a possibilidade de construção de uma outra realidade, mais justa e mais humana.



sexta-feira, 16 de abril de 2010

CICLO DE OFICINAS CULTURAIS JUVENTUDE E CIDADANIA



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Psicologia e Transformação Social

Profº Renato Keffi - Unicamp

O Projeto “Ciclo de Oficinas Juventude e Cidadania”, incentivado através da Lei Municipal de Incentivo à Cultura pela Alcoa Poços de Caldas apresenta a primeira oficina desse semestre a ser realizada:

Dia 17, sábado, às 16h

No Instituto Cultural Companhia Bella de Artes (Edifício Manhattan, Rua Prefeito Chagas, 305)

ENTRADA FRANCA (com direito a certificado de participação)

O Projeto desenvolvido em parceria com o Instituto Cultural Companhia Bella de Artes desde 2006 esse ano apresenta uma inovação, o incentivo da Lei Municipal de Incentivo à Cultura e conta com vários oficineiros de notório reconhecimento que abordarão temáticas ligadas à cultura e sociedade. O projeto é destinado a estudantes secundaristas, agentes culturais, universitários e população em geral.

Formado em composição pela UFMG Renato Kefi é atualmente professor de piano e pianista acompanhante do Conservatório Municipal de Música de Poços de Caldas. É professor de prática de orquestra na USP de Ribeirão Preto. Participou de diversos festivais brasileiros acompanhando ou interpretando suas próprias composições obtendo diversas premiações. Em 2005 foi vencedor do prêmio BDMG Instrumental. Em 2003 fez arranjos para o CD Quatro Histórias de Rubem Alves e o violeiro Ivan Vilela, executados pela Orquestra Sinfônica de Campinas, sob regência de Cláudio Cruz (com Ivan Vilela e Paulo Freire). Apresentou-se nos projetos BDMG Instrumental e Sesc Instrumental, transmitidos pela TV Cultura, TVS (Senac) e TV Senado.

Maiores informações: (35) 9976 1513 (Greice Keli)

Incentivo Cultural:

Alcoa Poços de Caldas

Apoio:

Prefeitura Municipal de Poços de Caldas

Lei Municipal de Incentivo à Cultura

Instituto Cultural Companhia Bella de Artes

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Padrões de Cultura


por Diney Lenon de Paulo

A concepção do costume ainda é pouco difundida entre os meios acadêmicos que fazem estudo da antropologia nos dias atuais. Ao ocupar-se dos seres humanos como produtos da vida em sociedade, a antropologia busca o conhecimento das diversas culturas existentes, as suas formas de transformação e diferenciação, mas o costume, enquanto fruto das relações de um determinado grupo social e perpetuação deste, requer ainda um estudo mais aprofundado, pois nenhum ser está imune às tradições da sociedade em que está inserido.
Partindo desse princípio, a antropóloga Ruth Benedict inicia suas considerações acerca dos Padrões de Cultura e do costume local em contraposição à natureza humana, objetivando estabelecer critérios científicos, embasados pela antropologia social, que possam vir a contribuir ao esclarecimento dessa questão.
A natureza humana ao longo da história tem sofrido transformações quanto à sua definição. A nossa falsa perspectiva acerca da “incomparabilidade” do homem frente aos demais seres tem sido alvo de críticas por parte de estudiosos desde princípios do século XIV, quando Copérnico recusou-se a aceitar a subordinação deste planeta a ocupar “apenas um lugar entre outros no Sistema Solar”. No decorrer dos séculos, no tempo de Darwin, tendo cedido ao inimigo a centralidade da Terra, diante da imensidão do Sistema Solar, “o homem lutou com todas as armas de que dispunha pela exclusividade da alma, atributo inconcebível dado por Deus”.
O homem sendo resultado da evolução dos primatas, teoria defendida pelos evolucionistas, causava um certo desconforto aos padrões sociais existentes, e ainda hoje, segundo a autora, os homens sentem essa preocupação quanto à centralidade das suas instituições e realizações do processo de expansão da civilização branca, fato esse comprovado pelas estruturas sociais dos mais primitivos grupos sociais.
Todas as tribos primitivas concordam em reconhecer a categoria dos estranhos ao seu grupo, que estão fora do código moral, não reconhecendo a estes um lugar no esquema humano. O homem primitivo sempre foi um habitante de uma província, assim afirma Ruth Benedict, e criou altas barreiras para a sua isolação, esse fato gerou um “estranhamento” em relação ao outro, e não só isso, mas uma não aceitação ao outro, ao diferente. Essa distinção se faz notar entre o aspecto religioso: “A distinção entre qualquer grupo e povos estranhos torna-se, em termos de religião: a de verdadeiros crentes e de pagãos”.
A nossa cegueira perante as outras culturas está implícita no processo de expansão da civilização do homem branco. Defendemos a inevitabilidade de cada motivação familiar, tentando sempre identificar os nossos modos locais de comportamento, com Comportamento, ou os nossos próprios hábitos em sociedade, com Natureza Humana. Assim diz Ruth Benedict quanto ao desdém com que tratamos o diferente: “...não conseguimos compreender a relatividade dos hábitos culturais, e continuamos privados de muito proveito e de muito prazer nas nossas relações humanas com povos de diferentes tipos de cultura, e a não ser dignos de confiança nas nossas relações com eles”.
Nos dias atuais onde o que vemos são “as novas cruzadas do bem contra o mal”, essa questão se torna evidente aos nossos olhos. O etnocentrismo, tanto puramente cultural (moral e ético), quanto religioso (judaico-cristianismo), político (democracia frente às instituições locais) representa essa padronização do pensamento e das instituições, onde se sobressai aquele que possui maiores “argumentos civilizatórios”. A confusão entre o costume local com natureza humana deve ser repensada e analisada com profundidade, pois diante dessa “nova cruzada”, o diferente perde lugar e a velha concepção da centralidade do homem, do “eu” e da “minha instituição” frente à “instituição do outro” tem gerado conflitos étnicos e de civilizações. A proposta de homogeneização, ou ocidentalização do globo, que atende interesses políticos específicos é uma ameaça ao próprio homem, pois a diferença é inerente à sua própria construção e institucionalização de suas relações.
O preconceito de raça, justificativa ideológica da civilização branca, tem origem na base cultural onde está inserido e esse reconhecimento é uma “necessidade desesperada da civilização Ocidental”. A conscientização de que “o homem é moldado pelo costume e não pelo instinto” é um aspecto a ser trabalhado pelas ciências sociais. A essa problemática a antropologia dá duas respostas: a primeira respeita à natureza da cultura e a segunda à natureza da herança, assim conclui a antropóloga Ruth Benedict.
A pureza racial é ilusão, a hereditariedade é uma questão de linhagens familiares, para além disso é mito. O que na realidade liga os homens é a sua cultura, as idéias e os padrões que têm em comum, essa diferenciação das sociedades é uma premência que se faz notar diante do processo civilizatório judaico-cristão.
O respeito ao outro, ao diferente se coloca como necessidade da manutenção do convívio em sociedade. A cultura se apresenta como elemento conciliador e delimitador do respeito. O posicionamento etnocêntrico frente ao mundo pode gerar, como tem gerado, desastres humanitários, as ciências sociais desempenham nesse contexto papel fundamental para a afirmação da cultura enquanto conjunto de atitudes, valores e padrões que moldam a identidade. A conscientização de que o ser é moldado pelo meio em que vive e que as verdades são relativas é um passo fundamental para que o impasse que vivemos nesse princípio de século, entre o “bem e o mal”, seja sanado, essa visão maniqueísta das coisas pode muito bem ser solucionada dentro das possibilidades que a antropóloga Ruth Benedict coloca quando afirma que a cultura não é um complexo que seja transmitido biologicamente, nem mesmo a herança cultural, a compreensão do outro e do processo de construção deste, dos seus valores e instituições, é o caminho que se faz necessário para um avanço nas relações entre os homens, entre as sociedades, entre os diferentes.

A Crise dos Movimentos Sociais na Década de 1990


Entre os meios acadêmicos, ultimamente, se tornou corrente a idéia da “crise dos movimentos populares”, da ascensão dos princípios individualistas em função do declínio dos valores sociais e coletivos desenvolvidos no decorrer da década de 1980. Traçando esse caminho para a sua reflexão, Maria da Glória Gohn, em Movimentos Sociais e Educação (Cortez, 1992), desenvolve em seu texto, A Crise dos Movimentos Populares nos anos 90, uma série de questionamentos acerca da real “crise” dos movimentos populares.

Em conseqüência da abertura política que se deu nos anos 80, uma “nova racionalidade” surgiu entre os movimentos populares, a noção de direitos e participação popular tomou grande proporção, resultando na consolidação desse movimento com a Constituição de 1988. Esse processo de institucionalização dos movimentos sociais, com a orientação das normas vigentes na sociedade em suas ações, ainda colocou em prática o uso de assessorias por parte dos movimentos sociais para a elaboração de suas políticas.

Nesse sentido, Maria da Glória Gohn ressalta o caráter da “cultura política existente” e suas implicações concretas nas ações dos movimentos sociais. Os “vícios, hábitos e valores seculares” contribuíram para o não desenvolvimento de um projeto claro que viabilizasse a inversão das relações sociais existentes. Considerando que os movimentos sociais são históricos e estão embutidos numa historicidade particular, a autora desenvolve a tese de que os movimentos populares estão numa “fase de refluxo” e, por serem históricos, “se transformam, agregando elementos novos, ou negando velhos, segundo a conjuntura do momento histórico”.

A crise dos movimentos populares é apresentada segundo determinantes externos, como a crise econômica e do trabalho, as políticas neoliberais, o refluxo e a institucionalização dos movimentos, etc. Mas a caracterização interna dos movimentos também é considerada pela autora do texto. Os fundamentos da crise são apresentados na origem dos próprios movimentos e a concretização da crise está embutida no desenrolar destes.

Toda a luta política dos movimentos sociais resulta numa tentativa de construção de uma identidade sócio-cultural. Essa identidade entra em contradição quando da utilização das “assessorias” por parte dos movimentos sociais. A política dos movimentos sociais surge como uma luta original e contextualizada, autêntica, enquanto que, a política para os movimentos sociais, trabalhada pelas assessorias molda um outro paradigma, diferente. Segundo a autora, “A necessidade de se implantar linhas e diretrizes, que não foram construídas no interior dos movimentos, é incompatível com o desabrochar da vontade dos grupos e movimentos sociais”.

A construção dessa tese se dá sob a análise das três tendências que influem os movimentos sociais nos tempos atuais. A participação, o igualitarismo e a organização/direção são as fontes básicas de inspiração dos movimentos sociais dos anos 70/80 e essas tendências têm papel fundamental no desenvolvimento das políticas destes ainda nos dias atuais.

A prática da “participação” se funda no princípio da participação e da construção do sujeito construtor de sua história, não sendo necessariamente partidarizada. O igualitarismo, elaborou princípios que parte de que todos os seres humanos são iguais no ponto de vista das ações, no desenrolar das mesmas e nas metas que devem atingir, sua base está na Igreja Católica, na sua ala da Teologia da Libertação. A Organização/Direção, de maior representatividade, atende à política das “assessorias”, está articulada a partidos políticos e entidades sindicais, como o PT e a CUT.

Essa última tendência de atuação política nas estruturas de poder político/estatal é o ponto onde Maria da Glória Gohn desenvolve a sua crítica à institucionalização dos movimentos sociais e a perda dos seus objetivos originais. Outro ponto crítico dessa tendência é o fato de que “os conflitos de sentido/orientação/direção têm sido resolvidos com a expulsão dos membros não enquadráveis na orientação predominante”.

Em suma, os movimentos sociais cresceram em maior ou menos grau, as lideranças populares conseguiram crescer sem se atrelar aos compromissos externos, conseguiram construir metas de atuação. Há uma orientação de uma política fundada na participação plena dos indivíduos enquanto cidadãos.

A crise dos movimentos sociais populares que é apresentada por muitos não surte muito sentido se não considerados esses pontos necessários a uma reflexão mais profunda. A originalidade dos movimentos sociais, de suas ações, frente à incorporação de outros pela estrutura social é a dinâmica que move a concretização dos movimentos e seus objetivos. A análise da conjuntura política e da estrutura de um determinado momento histórico não pode ser desconsiderada, nem relegada a segunda plano, pois os movimentos sociais não surgem do nada, têm uma construção determinada historicamente e os avanços da luta se darão havendo essa análise.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Imagens... por Sebastião Salgado




Sebastião Ribeiro Salgado é um fotógrafo brasileiro reconhecido mundialmente por seu estilo único de fotografar. Nascido em Minas Gerais, é um dos mais respeitados fotojornalistas da atualidade. Nomeado como representante especial do UNICEF em 3 de abril de 2001, dedicou-se a fazer crônicas sobre a vida das pessoas excluídas, trabalho que resultou na publicação de dez livros e realização de várias exposições, tendo recebido vários prêmios e homenagens na Europa e no continente americano. "Espero que a pessoa que entre nas minhas exposições não seja a mesma ao sair".

sábado, 3 de abril de 2010

O futebol dos Filósofos

Achei esse vídeo na Web e resolvi postar aqui. Muito bacana, só faltou o Marx fazer um gol, mas tá valendo...

Elitismo


Como poderia a democracia ser desenvolvida dentro dos partidos políticos era a questão inicial dentre a linha do pensamento da Ciência Política denominada elitismo. A concentração de poder, a cristalização das lideranças e a “oligarquização” interna dos partidos, eram questões paradoxais expressas nos partidos que se apresentavam como guardiões da democracia.
A cidadela iluminista, embasada na racionalidade, desde seus primeiros passos sofrera uma severa hostilidade por parte dos remanescentes do antigo regime. A idéia de igualdade e a de que a democracia é o processo de desenvolvimento do ser humano em suas potencialidades, desde de seus primórdios, em fins do século XIX era centrada no ceticismo e em enormes resistências. Mosca, Pareto e Michels são os seus “pais fundadores” que desenvolveram essa ciência já na primeira metade do século XX.
Segundo Pareto, “ há em todas as esferas e todas as áreas de ação humana, indivíduos que se destacam dos demais por seus dons, por suas qualidades superiores. Eles compõem uma minoria distinta do restante da população – uma elite”. Já Mosca, em The ruling class (1923), desenvolve sua concepção de que existem duas “classes de pessoas”, a dirigente e a dirigida, sendo que a primeira se distingue da segunda pelo seu alto nível de organização. Michels estudou o interior dos partidos políticos ditos “guardiões da democracia” e percebeu que nesses partidos havia práticas similares ao nepotismo, do favorecimento e da cooptação e muito pouco valor dado ao destaque por mérito, à concorrência, e também à eleição.
Um dos pontos que mais desperta interesse e discussão na teoria elitista é a idéia de igualdade entre os homens. A massa da população, segundo essa teoria, é facilmente manobrável e influenciada por aqueles que se destacam em sua oratória, seu poder de persuasão e carisma. O exemplo usado por esses pensadores é a assembléia popular. Nessa, as pessoas, em sua maioria, estão expostas à ação de “oportunistas”, que desempenham o papel de lideranças e “que se aproveitam do imprevisto, de instintos e desejos primitivos, de elementos inferiores caracterizados por um baixo valor mental” a que as pessoas estão submetidas nesse contexto, acabando por impor as suas vontades particulares em detrimento das reais aspirações da maioria.
Tanto a sociedade capitalista, quanto a sociedade socialista, como qualquer outra sociedade possuem a sua elite, a sua “classe dirigente”. Isso é comprovado por fatos evidenciados por esses regimes, onde o que os difere parece ser o seu objetivo de manutenção e concentração do poder político em função da vulnerabilidade da massa popular aos intentos de oportunistas.
A democracia, tal qual concebida pelos princípios iluministas sofre assim um revés na sua aplicabilidade. Um exemplo levantado pelos defensores da teoria elitista é o fato de que na primeira metade do século XX, a massa, manobrada por demagogos, se encaminhou ao regime totalitário, iludida. A ampla base popular passivamente anestesiada pelo discurso oportunista rumou para a negação da democracia.
Num estudo de caso sobre o elitismo contemporâneo
No princípio do século em que vivemos podemos analisar, a partir de tais reflexões teóricas e históricas, o quão presente se faz esse pensamento entre os partidos de esquerda brasileiros, ditos “neoguardiões da democracia”, defensores da participação popular.
Um exemplo a considerar é a política desenvolvida pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em seus programas de participação popular como o “Orçamento Participativo”. Com um discurso populista e demagogo que nos remete aos oportunistas apresentados acima, as reuniões do Orçamento Participativo (OP), são abertas à participação da população, mas as mesmas são conduzidas por representantes do alto escalão executivo que apresentam as regras do OP, a começar pela reduzida parcela do orçamento geral destinado à “participação popular” e pelas obras que podem ser incluídas, ou não no OP.
Os condutores da reunião, escolhidos a dedo, apresentam uma série de dados técnicos incompreensíveis para a maioria dos cidadãos, tentando justificar a negação de algumas demandas levantadas em assembléia. Muitas vezes questões pontuais e críticas ao processo são levantadas pelos participantes e pontualmente os “guardiões da democracia” se colocam na defesa de seus superiores, sua elite, e com toda a oratória que dispõem e todo o poder de persuasão lutam por derrubar questões levantadas pela maioria, até que conquistam uma parte desta e assim reformulam a vontade da maioria.
Isso foi evidenciado pelo autor deste artigo quando da reunião do OP em seu bairro, onde a maioria almejava a construção de casas e uma creche, mas os “oportunistas de plantão” se fizeram persuasivos, explicando que não seria possível, devido ao plano municipal de habitação já estar programado e a verba do OP ser reduzida, não cabendo a esse, aplicar políticas deste tipo. Percebia-se que aqueles condutores da reunião tinham objetivo diferente da proposta inicial, sua intenção era projeção pessoal, pois ali encontravam-se pessoas eternamente “pré-candidatas” e, se por um acaso ali alguém se manifestasse com potencial de liderança fazendo críticas, esse alguém logo seria podado pelos “detentores natos da liderança”.
Em Poços de Caldas, a “Administração Popular do PT”, se resume a um reduzido grupo, uma elite que se reveza no poder. Secretário de Assistência Social deixa cargo e assume Imprensa, Secretário de Administração é Secretário Serviços Urbanos, Vice-Prefeito é Secretário de Obras, enquanto a massa popular é mantida no seu devido lugar à espera de sua participação em 2004. Vê-se assim que a elite que se encontra no poder não pretende abrir mão deste, já que o considera como propriedade sua. Toda essa propaganda de “Administração Popular e Participativa” é necessária para legitimar a permanência de uma elite no poder.
Muitas comissões especiais de participação popular foram criadas, envolvendo setores interessados, como a de cultura, esportes, políticas públicas de juventude... mas todas são compostas em sua maioria por representantes da elite governamental.
A própria esquerda brasileira tem práticas elitistas, a diferenciação se encontra no objetivo destas. Muitas vezes, em função das forças maiores que regem nossa sociedade capitalista impedem que se aplique a “democracia utópica”. As classes dominantes, detentoras do poder político e econômico lutam por minar toda a forma de construção e conscientização do poder popular. As pessoas que atuam junto à esquerda se formam nesse contexto a absorvem esses vícios sem pensarem no paradoxo que representa a manutenção do elitismo demagogo. O que acontece é que a defesa dessa elite se torna, muitas vezes, alienada e inconsistente.
Existe toda uma série de fatores que impedem o desenvolvimento pleno da democracia, as elites oportunistas são uma deles. Essas elites se apropriam do poder político que lhes conferem as massas e passam a conduzi-las em benefício próprio. Mas existe a elite progressista messiânica que acredita ser a detentora da salvação da massa ignorante e que muitas vezes se perde nessa argumentação, pois afastam a massa popular das discussões centrais e decisões, deixando-as como cordeiros passivos, meros espectadores.
A elite que se espera é a elite de vanguarda, que estando um passo à frente não pretenda assim se manter, mas sim construir uma consciência junto à massa para que essa se desenvolva e assuma o seu papel histórico. A elite socialista se difere nesse ponto, a vanguarda consciente que almeja a construção da sociedade comunista, onde todos possam desenvolver a sua capacidade crítica e racional para que não fiquem reféns de demagogos oportunistas.
É necessário forjar uma elite de vanguarda, progressista e altruísta. Combativa diante da demagogia e do distanciamento e isolamento social de muitos grupos de comando. Essa elite carece de ser histórica e desempenhar sua “missão” de ampliar a consciência de classe, denunciar os limites institucionais da democracia burguesa para radicalizar a ação popular no sentido de se fazer a teoria elitista um tanto quanto abstrata e distante de uma realidade plural, horizontal e socialista.