sexta-feira, 28 de maio de 2010

A Alma do Negócio


1996 – 8 min. Dir. José Roberto Torero

Um perfeito casal-propaganda leva uma vida feliz e tranqüila até descobrir que seus maravilhosos produtos podem fazer muito mais do que prometem.

Prêmios

Prêmio do Júri Popular no Festival de Cuiabá 1997

Prêmio do Júri Popular no Festival de Guarnicê 1997

Menção Honrosa no Festival de Palm Springs 1997

Melhor Diretor no Festival de Recife 1997

Melhor Comédia no Festival Drama 1997

Melhor Roteiro no Festival de Curitiba 1997

Prêmio do Júri Popular no Festival de Curitiba 1997

Melhor Ator no Jornada da Bahia 1996

Melhor Atriz no Jornada da Bahia 1996

sábado, 22 de maio de 2010

Ninguém escapa da Educação


Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação ? Educações. E já que pelo menos por isso sempre achamos que temos alguma coisa a dizer sobre a educação que nos invade a vida, por que não começar a pensar sobre ela com o que uns índios uma vez escreveram ?

Há muitos anos nos Estados Unidos, Virgínia e Maryland assinaram um tratado de paz com os índios das Seis Nações. Ora, como as promessas e os símbolos da educação sempre foram muito adequados a momentos solenes como aquele, logo depois os seus governantes mandaram cartas aos índios para que enviassem alguns de seus jovens às escolas dos brancos. Os chefes responderam agradecendo e recusando. A carta acabou conhecida porque alguns anos mais tarde Benjamin Franklin adotou o costume de divulgá-la aqui e ali. Eis o trecho que nos interessa:

"... Nós estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem para nós e agradecemos de todo o coração.
Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa idéia de educação não é a mesma que a nossa.... Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltavam para nós, eles eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome. Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros.Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão oferecemos aos nobres senhores de Virgínia que nos enviem alguns dos seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos, deles, homens."

De tudo o que se discute hoje sobre a educação, algumas das questões entre as mais importantes estão escritas nesta carta de índios. Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a sua única prática e o professor profissional não é o seu único praticante.

Em mundos diversos a educação existe diferente: em pequenas sociedades tribais de povos caçadores, agricultores ou pastores nômades; em sociedades camponesas, em países desenvolvidos e industrializados; em mundos sociais sem classes, de classes, com este ou aquele tipo de conflito entre as suas classes; em tipos de sociedades e culturas sem Estado, com um Estado em formação ou com ele consolidado entre e sobre as pessoas.

Existe a educação de cada categoria de sujeitos de um povo; ela existe em cada povo, ou entre povos que se encontram. Existe entre povos que submetem e dominam outros povos, usando a educação como um recurso a mais de sua dominância. Da família à comunidade, a educação existe difusa em todos os mundos sociais, entre as incontáveis práticas dos mistérios do aprender; primeiro sem classes de alunos, sem livros e sem professores especialistas; mais adiante com escolas, salas, professores e métodos pedagógicos.

A educação pode existir livre e, entre todos, pode ser uma das maneiras que as pessoas criam para tornar comum, como saber, como idéia, como crença, aquilo que é comunitário como bem, como trabalho ou como vida. Ela pode existir imposta por um sistema centralizado de poder, que usa o saber e o controle sobre o saber como armas que reforçam a desigualdade entre os homens, na divisão dos bens, do trabalho, dos direitos e dos símbolos.

A educação é, como outras, uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade. Formas de educação que produzem e praticam, para que elas reproduzam, entre todos os que ensinam-e-aprendem, o saber que atravessa as palavras da tribo, os códigos sociais de conduta, as regras do trabalho, os segredos da arte ou da religião, do artesanato ou da tecnologia que qualquer povo precisa para reinventar, todos os dias, a vida do grupo e a de cada um de seus sujeitos, através de trocas sem fim com a natureza e entre os homens, trocas que existem dentro do mundo social onde a própria educação habita, e desde onde ajuda a explicar - às vezes a ocultar, às vezes a inculcar - de geração em geração, a necessidade da existência de sua ordem.

Por isso mesmo - e os índios sabiam - a educação do colonizador, que contém o saber de seu modo de vida e ajuda a confirmar a aparente legalidade de seus atos de domínio, na verdade não serve para ser a educação do colonizado. Não serve e existe contra uma educação que ele, não obstante dominado, também possui como um dos seus recursos, em seu mundo, dentro de sua cultura.

Assim, quando são necessários guerreiros ou burocratas, a educação é um dos meios de que os homens lançam mão para criar guerreiros ou burocratas. Ela ajuda a pensar tipos de homens. Mais do que isso, ela ajuda a criá-los, através de passar de uns para os outros o saber que os constitui e legitima. Mais ainda, a educação participa do processo de produção de crenças e idéias, de qualificações e especialidades que envolvem as trocas de símbolos, bens e poderes que, em conjunto, constróem tipos de sociedades. E esta é a sua força.

No entanto, pensando às vezes que age por si próprio, livre e em nome de todos, o educador imagina que serve ao saber e a quem ensina mas, na verdade, ele pode estar servindo a quem o constituiu professor, a fim de usá-lo, e ao seu trabalho, para os usos escusos que ocultam também na educação - nas suas agências, suas práticas e nas idéias que ela professa - interesses políticos impostos sobre ela e, através de seu exercício, à sociedade que habita. E esta é a sua fraqueza.

Aqui e ali será preciso voltar a estas idéias, e elas podem ser como que um roteiro daqui para a frente. A Educação existe no imaginário das pessoas e na ideologia dos grupos sociais e, ali, sempre se espera, de dentro, ou sempre se diz para fora, que a sua missão e transformar sujeitos e mundos em alguma coisa melhor, de acordo com as imagens que se tem de uns e outros: "... e deles faremos homens". Mas, na prática, a mesma educação que ensina pode deseducar, e pode correr o risco de fazer o contrário do que pensa que faz, ou do que inventa que pode fazer: "... eles eram, portanto, totalmente inúteis"


A pesquisa é um procedimento reflexivo e crítico de busca de respostas para problemas ainda não solucionados. O planejamento e a execução de uma pesquisa fazem parte de um processo sistematizado que compreende etapas que serão detalhadas a seguir.

O presente texto foi baseado na síntese de Edna Lúcia da Silva, professora do Laboratório de Ensino a Distância da Universidade Federal de Santa Catarina e adaptado para educandos do Ensino Médio da rede pública de ensino que desenvolvem pesquisa na aula de Sociologia, do Colégio Municipal Dr. José Vargas de Souza, sob orientação do Professor Diney Lenon de Paulo.

Nesse sentido, a explicação abaixo pode parecer para acadêmicos e cientistas um tanto quanto “enxugada”, ou mesmo “simplória”, todavia, serve de elemento básico para um “primeiro contato” dos educandos com a metodologia científica de pesquisa. Portanto, trata-se de uma síntese de caráter didático elaborada para uma realidade peculiar.


1. ESCOLHA DO TEMA

Nesse primeiro passo é importante ter em mente a seguinte questão: O que pretendo abordar? O tema escolhido deve estar associado ao interesse prévio no assunto que se deseja conhecer, provar, dissertar sobre. A escolha de um tema significa delimitar a parcela de um assunto, pensar nos limites e restrições da abordagem, ou da pesquisa que se pretende desenvolver.

É importante frisar que a escolha do tema pode ser feita a partir da observação do cotidiano, na vida profissional, em programas de pesquisa, em contato e relacionamento com especialistas e também com o público alvo em potencial. Também pode surgir do contato com a literatura especializada, a partir de leituras “descompromissadas” que gerem interesse pelo tema, ou assunto.


2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA, ou REVISÃO DE LITERATURA

O que já foi produzido sobre o assunto? Existem pesquisas na área? Já foi publicado algum artigo, livro sobre o tema escolhido? Existe algum filme que aborda a questão? Com essas questões dá-se o passo importante para o levantamento da literatura existente sobre o assunto. Sem dúvida alguma, essa etapa é fundamental para o bom andamento da pesquisa, pois nela se concentram os esforços de captação e leitura de materiais que irão subsidiar as etapas subseqüentes.

Segundo Edna Lúcia da Silva, pesquisadora do Laboratório de Ensino a Distância da Universidade Federal de Santa Catarina, “a revisão de literatura é fundamental, porque fornecerá elementos para se evitar a duplicação de pesquisa sobre o mesmo enfoque do tema. Favorecerá também a definição de contornos mais precisos do problema a ser estudado”.


3. JUSTIFICATIVA

O “porquê” da pesquisa é o centro da reflexão nessa etapa da pesquisa científica. Nesse momento há uma busca pela identificação das razões da preferência pelo tema escolhido, a importância do tema em relação a tantos outros e também sua importância para a sociedade.

O objetivo da justificativa é convencer o futuro leitor do trabalho, deve ser atraente, sedutora e despertar o interesse pela leitura completa da pesquisa. No caso de uma possível captação de recursos para a realização da pesquisa, deve ser atraente para o possível incentivador, ou patrocinador.

Assim sendo, a justificativa deve deixar claro que existem vantagens, benefícios a serem proporcionados pela pesquisa, “deverá convencer quem for ler o projeto, com relação à importância e à relevância da pesquisa proposta”.


4. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

O que pretendo responder? Qual o problema que me proponho a resolver? Qual a pergunta da pesquisa? A explicitação e delimitação bem formulada da pesquisa depende, essencialmente, da formulação do problema central a ser pesquisado, portanto, toda atenção, objetividade, clareza nessa etapa auxiliará o andamento dos trabalhos.


5. DETERMINAÇÃO DOS OBJETIVOS

Em sintonia, ou seja, coerentes com a justificativa e com o problema levantado, os objetivos devem sintetizar o que se pretende alcançar com a pesquisa. Os enunciados devem começar com um verbo no infinitivo e este verbo deve indicar uma ação passível de mensuração.


6. METODOLOGIA

Como será feita a pesquisa? De que forma? Que tipo de pesquisa? Amostra? Entrevistas? Questionários? Que recursos serão utilizados? Como os dados serão coletados? Fotos? Filmagens? Visitas a instituições?

As questões devem ser o centro da reflexão nessa etapa para que a pesquisa esteja bem “desenhada” no imaginário do pesquisador desde o início. Isso significa que, com a definição da metodologia, o pesquisador saberá, desde o início, todos os passos a serem dados e como irá registrar as informações necessárias.


7. COLETA DE DADOS

A pesquisa de campo é, sem dúvida, a etapa do trabalho mais atraente e mais surpreendente. É o momento em que o pesquisador se depara com o universo real antes imaginado e sistematizado durante a revisão de literatura.

O contato concreto, ou o “pôr a mão na massa”, ver e sentir a realidade estudada proporciona ao pesquisador um crescimento e entendimento mais completo sobre o tema pesquisado. Paciência e persistência são qualidade fundamentais nessa etapa.

A paciência para buscar e encontrar os momentos adequados de coleta e o conflito muitas vezes imprevisível entre o esperado e o vivenciado. Já a persistência poderá garantir a superação dos desafios por ventura não esperados.


8. TABULAÇÃO DOS DADOS

Nessa etapa os recursos tecnológicos são de suma importância para a sistematização dos dados obtidos durante a pesquisa de campo. É o momento em que são gerados gráficos, esquemas para futura análise, comparação e leitura crítica.

A estatística estará presente nessa etapa, por meio dos recursos computacionais e proporcionará ao pesquisador a qualidade e eficiência esperada numa pesquisa científica.


9. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Após a “longa caminhada” efetuada pelo pesquisador e, principalmente após a coleta de dados, o pesquisador estará apto a analisar os dados obtidos. Assim, como colocado acima, a importância da revisão bibliográfica irá se manifestar como subsídio para a análise dos dados coletados.

Não existe a possibilidade do pesquisador se furtar dessa etapa, ou transferir a terceiros a incumbência da análise, pois ele foi quem captou os dados e ele foi quem “estudou” sobre o tema e poderá então analisar os resultados para a comparação necessária.


10. CONCLUSÃO DA ANÁLISE E DOS DADOS OBTIDOS

Nesse momento o pesquisador já tem condições de produzir uma síntese dos dados obtidos com a pesquisa. Os objetivos traçados deverão ser analisados e pontuados em seu alcance.

As hipóteses serão ratificadas ou descartadas. Aquilo que se propôs a pesquisar, ou a resposta levantada no início da pesquisa deverá ser respondida. Foi alcançado o objetivo da pesquisa? Aquilo que se imaginada (hipótese) foi confirmado? Sim? Não? Por que?

A conclusão deve fechar os questionamentos levantados.


11. REDAÇÃO E APRESENTAÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO

É o momento da redação do relatório final da pesquisa. O caráter dissertativo do texto deve ser claro, objetivo e atento às regras gramaticais e normas de produção e formatação de textos acadêmicos. Deve também conter as referências bibliográficas utilizadas.

A apresentação deve ser também clara e possibilitar ao “leitor” uma dimensão total da pesquisa.