Arte


Se os tuberrões fossem homens






Aos que virão depois de nós
bertold Brecht






Perguntas de um operário que lê








De que serve a bondade
Bertold Brecht





Nada é impossível de mudar

















Mestre Sala dos Mares
João Bosco





Cálice
Chico Buarque e Milton Nascimento



Os Imorais
Zélia Duncan



Papai Noel
Garotos Podres





O que resta aos jovens
Mário Benedetti


o que resta por provar aos jovens
neste mundo de paciência e asco?
somente grafitti? rock? cepticismo?
também lhes resta não dizer amém
não deixar que lhes matem o amor
recuperar a fala e a utopia
serem jovens sem prisão e com memória
situarem-se numa história que é a sua
não se converterem em velhos prematuros

o que resta por provar aos jovens
neste mundo de rotina e ruína?
cocaína? cerveja? claques?
resta-lhes respirar / abrir os olhos
descobrir as raízes do horror
inventar paz se os desordeiros
se entenderem com a natureza
e com a chuva e os relâmpagos
e com o sentimento e com a morte
essa louca de atar e desatar

o que resta por provar aos jovens
neste mundo de consumo e fumo
vertigem? assaltos? discotecas?
também lhes resta discutir com deus
quer exista quer não exista
apontar mãos que ajudem / abrir portas
entre o coração próprio e o dos outros /
sobretudo resta-lhes fazer futuro
apesar das ruínas do passado
e dos sábios malandros do presente.



Inclassificáveis



Perguntas de um trabalhador que lê





Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilònia, tantas vezes destruida,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Sò tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.
O jovem Alexandre conquistou as Indias
Sòzinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos
Quem mais a ganhou?
Em cada página uma vitòria.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?
Tantas histórias
Quantas perguntas







No dia 06 de agosto de 1945, numa demonstração de poder, a derradeira ação de terror da Força Aérea Estadunidense acabou por colocar fim à vida de centenas de milhares de pessoas com o uso da bomba atômica.

Hiroshima, uma cidade arrasada por bombardeios foi usada pelos Eua para demonstrar sua capacidade bélico-destrutiva. Sob as ordens de Truman o grande cogumelo entrou para a história como um dos maiores atos de terrorismo de Estado perpetuados por um estado militarmente superior e já com os destinos da guerra em suas mãos.

Vinícius de Mores (1913-1980), compositor e poeta compôs esses líricos versos que enriqueceram a música gravada pela banda Secos e Molhados, levando o mesmo nome Rosa de Hiroshima. Que a história não se apague e que sirva de lição aos que virão e aos que aqui estão: a Guerra em si não é o caminho da paz.

Rosa de Hiroshima


Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada



Cazuza (1958-1990), cantor, compositor, poeta e “rebelde”. Um dos maiores ícones do rock brasileiro dos anos 80, tem na música Ideologia uma forte crítica às várias ideologias e aos que se vederam ao “Grand Monde”. Renegou a sua classe, pis, filho de um grande empresário da música lançou sucessos, como "burguesia", onde dizia que esta classe, que queria ser sócia do "country" fede!

Uma ótima canção para refletirmos sobre as ideologias que marcaram e ainda marcam a vida de milhões de pessoas no mundo todo.


Ideologia


Meu partido
É um coração partido
E as ilusões
Estão todas perdidas
Os meus sonhos
Foram todos vendidos
Tão barato
Que eu nem acredito
Ah! eu nem acredito...
Que aquele garoto
Que ia mudar o mundo
Mudar o mundo
Frequenta agora
As festas do "Grand Monde"...
Meus heróis
Morreram de overdose
Meus inimigos
Estão no poder
Ideologia!
Eu quero uma pra viver
Ideologia!
Eu quero uma pra viver...
O meu prazer
Agora é risco de vida
Meu sex and drugs
Não tem nenhum rock 'n' roll
Eu vou pagar
A conta do analista
Pra nunca mais
Ter que saber
Quem eu sou
Ah! saber quem eu sou..
Pois aquele garoto
Que ia mudar o mundo
Mudar o mundo
Agora assiste a tudo
Em cima do muro
Em cima do muro...
Meus heróis
Morreram de overdose
Meus inimigos
Estão no poder
Ideologia!
Eu quero uma pra viver
Ideologia!
Pra viver...
Pois aquele garoto
Que ia mudar o mundo
Mudar o mundo
Agora assiste a tudo
Em cima do muro
Em cima do muro...
Meus heróis
Morreram de overdose
Meus inimigos
Estão no poder
Ideologia!
Eu quero uma pra viver
Ideologia!
Eu quero uma pra viver..
Ideologia!
Pra viver
Ideologia!
Eu quero uma pra viver...






O Rappa é uma banda de rock brasileiro que tem como marca uma mistura de ritmos com guitarras e letras de forte impacto social. Nessa canção a minha alma podemos perceber a crítica feita ao modelo social em que vivemos, à violência policial e, principalmente ao racismo.

Faz também uma forte crítica à mídia e ao poder de alienação que esta exerce sobre os indivíduos: me abraça e me dê um beijo, faça um filho comigo, mas não me deixe sentar nessa poltrona num dia de domingo, procurando novas drogas de aluguel, nesse vídeo coagido”. A paz que eu quero seguir não é a paz do silêncio, pois como afirma o vocalista Falcão na letra de Marcelo Yuka, “essa paz eu não quero seguir”.


A minha alma (a paz que eu não quero)


A minha alma tá armada e apontada
Para cara do sossego!
(Sêgo! Sêgo! Sêgo! Sêgo!)
Pois paz sem voz, paz sem voz
Não é paz, é medo!
(Medo! Medo! Medo! Medo!)
As vezes eu falo com a vida,
As vezes é ela quem diz:
"Qual a paz que eu não quero conservar,
Prá tentar ser feliz?"
As grades do condomínio
São prá trazer proteção
Mas também trazem a dúvida
Se é você que tá nessa prisão
Me abrace e me dê um beijo,
Faça um filho comigo!
Mas não me deixe sentar na poltrona
No dia de domingo, domingo!
Procurando novas drogas de aluguel
Neste vídeo coagido...
É pela paz que eu não quero seguir admitindo
É pela paz que eu não quero seguir
É pela paz que eu não quero seguir
É pela paz que eu não quero seguir admitindo