sábado, 22 de maio de 2010


A pesquisa é um procedimento reflexivo e crítico de busca de respostas para problemas ainda não solucionados. O planejamento e a execução de uma pesquisa fazem parte de um processo sistematizado que compreende etapas que serão detalhadas a seguir.

O presente texto foi baseado na síntese de Edna Lúcia da Silva, professora do Laboratório de Ensino a Distância da Universidade Federal de Santa Catarina e adaptado para educandos do Ensino Médio da rede pública de ensino que desenvolvem pesquisa na aula de Sociologia, do Colégio Municipal Dr. José Vargas de Souza, sob orientação do Professor Diney Lenon de Paulo.

Nesse sentido, a explicação abaixo pode parecer para acadêmicos e cientistas um tanto quanto “enxugada”, ou mesmo “simplória”, todavia, serve de elemento básico para um “primeiro contato” dos educandos com a metodologia científica de pesquisa. Portanto, trata-se de uma síntese de caráter didático elaborada para uma realidade peculiar.


1. ESCOLHA DO TEMA

Nesse primeiro passo é importante ter em mente a seguinte questão: O que pretendo abordar? O tema escolhido deve estar associado ao interesse prévio no assunto que se deseja conhecer, provar, dissertar sobre. A escolha de um tema significa delimitar a parcela de um assunto, pensar nos limites e restrições da abordagem, ou da pesquisa que se pretende desenvolver.

É importante frisar que a escolha do tema pode ser feita a partir da observação do cotidiano, na vida profissional, em programas de pesquisa, em contato e relacionamento com especialistas e também com o público alvo em potencial. Também pode surgir do contato com a literatura especializada, a partir de leituras “descompromissadas” que gerem interesse pelo tema, ou assunto.


2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA, ou REVISÃO DE LITERATURA

O que já foi produzido sobre o assunto? Existem pesquisas na área? Já foi publicado algum artigo, livro sobre o tema escolhido? Existe algum filme que aborda a questão? Com essas questões dá-se o passo importante para o levantamento da literatura existente sobre o assunto. Sem dúvida alguma, essa etapa é fundamental para o bom andamento da pesquisa, pois nela se concentram os esforços de captação e leitura de materiais que irão subsidiar as etapas subseqüentes.

Segundo Edna Lúcia da Silva, pesquisadora do Laboratório de Ensino a Distância da Universidade Federal de Santa Catarina, “a revisão de literatura é fundamental, porque fornecerá elementos para se evitar a duplicação de pesquisa sobre o mesmo enfoque do tema. Favorecerá também a definição de contornos mais precisos do problema a ser estudado”.


3. JUSTIFICATIVA

O “porquê” da pesquisa é o centro da reflexão nessa etapa da pesquisa científica. Nesse momento há uma busca pela identificação das razões da preferência pelo tema escolhido, a importância do tema em relação a tantos outros e também sua importância para a sociedade.

O objetivo da justificativa é convencer o futuro leitor do trabalho, deve ser atraente, sedutora e despertar o interesse pela leitura completa da pesquisa. No caso de uma possível captação de recursos para a realização da pesquisa, deve ser atraente para o possível incentivador, ou patrocinador.

Assim sendo, a justificativa deve deixar claro que existem vantagens, benefícios a serem proporcionados pela pesquisa, “deverá convencer quem for ler o projeto, com relação à importância e à relevância da pesquisa proposta”.


4. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

O que pretendo responder? Qual o problema que me proponho a resolver? Qual a pergunta da pesquisa? A explicitação e delimitação bem formulada da pesquisa depende, essencialmente, da formulação do problema central a ser pesquisado, portanto, toda atenção, objetividade, clareza nessa etapa auxiliará o andamento dos trabalhos.


5. DETERMINAÇÃO DOS OBJETIVOS

Em sintonia, ou seja, coerentes com a justificativa e com o problema levantado, os objetivos devem sintetizar o que se pretende alcançar com a pesquisa. Os enunciados devem começar com um verbo no infinitivo e este verbo deve indicar uma ação passível de mensuração.


6. METODOLOGIA

Como será feita a pesquisa? De que forma? Que tipo de pesquisa? Amostra? Entrevistas? Questionários? Que recursos serão utilizados? Como os dados serão coletados? Fotos? Filmagens? Visitas a instituições?

As questões devem ser o centro da reflexão nessa etapa para que a pesquisa esteja bem “desenhada” no imaginário do pesquisador desde o início. Isso significa que, com a definição da metodologia, o pesquisador saberá, desde o início, todos os passos a serem dados e como irá registrar as informações necessárias.


7. COLETA DE DADOS

A pesquisa de campo é, sem dúvida, a etapa do trabalho mais atraente e mais surpreendente. É o momento em que o pesquisador se depara com o universo real antes imaginado e sistematizado durante a revisão de literatura.

O contato concreto, ou o “pôr a mão na massa”, ver e sentir a realidade estudada proporciona ao pesquisador um crescimento e entendimento mais completo sobre o tema pesquisado. Paciência e persistência são qualidade fundamentais nessa etapa.

A paciência para buscar e encontrar os momentos adequados de coleta e o conflito muitas vezes imprevisível entre o esperado e o vivenciado. Já a persistência poderá garantir a superação dos desafios por ventura não esperados.


8. TABULAÇÃO DOS DADOS

Nessa etapa os recursos tecnológicos são de suma importância para a sistematização dos dados obtidos durante a pesquisa de campo. É o momento em que são gerados gráficos, esquemas para futura análise, comparação e leitura crítica.

A estatística estará presente nessa etapa, por meio dos recursos computacionais e proporcionará ao pesquisador a qualidade e eficiência esperada numa pesquisa científica.


9. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Após a “longa caminhada” efetuada pelo pesquisador e, principalmente após a coleta de dados, o pesquisador estará apto a analisar os dados obtidos. Assim, como colocado acima, a importância da revisão bibliográfica irá se manifestar como subsídio para a análise dos dados coletados.

Não existe a possibilidade do pesquisador se furtar dessa etapa, ou transferir a terceiros a incumbência da análise, pois ele foi quem captou os dados e ele foi quem “estudou” sobre o tema e poderá então analisar os resultados para a comparação necessária.


10. CONCLUSÃO DA ANÁLISE E DOS DADOS OBTIDOS

Nesse momento o pesquisador já tem condições de produzir uma síntese dos dados obtidos com a pesquisa. Os objetivos traçados deverão ser analisados e pontuados em seu alcance.

As hipóteses serão ratificadas ou descartadas. Aquilo que se propôs a pesquisar, ou a resposta levantada no início da pesquisa deverá ser respondida. Foi alcançado o objetivo da pesquisa? Aquilo que se imaginada (hipótese) foi confirmado? Sim? Não? Por que?

A conclusão deve fechar os questionamentos levantados.


11. REDAÇÃO E APRESENTAÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO

É o momento da redação do relatório final da pesquisa. O caráter dissertativo do texto deve ser claro, objetivo e atento às regras gramaticais e normas de produção e formatação de textos acadêmicos. Deve também conter as referências bibliográficas utilizadas.

A apresentação deve ser também clara e possibilitar ao “leitor” uma dimensão total da pesquisa.

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