domingo, 28 de março de 2010

Manifesto do Partido Comunista - Resenha


I
Burgueses e proletários

Burgueses e Proletários. Entende-se por burgueses, a classe dos capitalistas modernos, proprietários dos meios de produção social e empregam trabalho assalariado; e por proletários, a classe dos trabalhadores assalariados modernos, que não tendo meios de produção próprios, são obrigados a vender sua força de trabalho para sobreviver.
A história de todas as sociedades que já existiram até hoje é a história de luta de classes, opressores e oprimidos sempre estiveram em constante oposição uns aos outros.
Surgida das ruínas da sociedade feudal, a moderna sociedade burguesa não eliminou os antagonismos de classe, apenas estabeleceu novas condições de opressão. Dos servos da Idade Média nasceram os moradores dos burgos das primeiras cidades; deles saíram os primeiros elementos da burguesia.
O modo de exploração feudal não mais atendia às necessidades que aumentavam com o crescimento dos novos mercados; a divisão do trabalho entre as diversas corporações desapareceu diante da divisão do trabalho dentro de cada oficina. O lugar da manufatura foi ocupado pela grande indústria moderna e essa criou o mercado mundial sedento de avanço econômico-político.
A burguesia moderna é o produto de um longo processo de desenvolvimento, de uma série de revoluções nos modos de produção e troca. Cada uma dessas etapa foi acompanhada por um progresso político correspondente. A burguesia, com o estabelecimento da grande indústria e do mercado mundial, conquistou finalmente o domínio político exclusivo no Estado representativo moderno. O poder político do Estado moderno nada mais é do que um comitê para administrar os negócios comuns de toda a classe burguesa.
A burguesia desempenhou um papel histórico revolucionário, onde quer que ela tenha conquistado o poder. Ela transformou atividades consideradas de veneração em atividades assalariadas, o médico, o poeta, o jurista, o padre, o homem da ciência; com o rápido aperfeiçoamento dos instrumentos de produção, a burguesia mudou radicalmente os variegados laços feudais, no lugar da exploração mascarada por ilusões políticas e religiosas colocou a exploração aberta.
A necessidade de mercados cada vez mais extensos para seus produtos impele a burguesia para todo o globo terrestre, submetendo o campo ao domínio da cidade, os povos camponeses aos povos burgueses; aglomerou a população; centralizou o poder nas mãos do Estado, como forma de melhor administrar os conflitos.
A classe burguesa se apropriou dos meios de produção, do poder político e concentrou a propriedade num domínio jamais visto na história. Subjugando forças da natureza, unificando as nações, as línguas, a moeda, fazendo com que a classe explorada começasse a identificar os seus exploradores, a classe burguesa se viu em paridade de desenvolvimento com a classe proletária.
Os “operários modernos” são a base formada e moldada pela própria burguesia para a sua derrubada. Os operários começam a formar coalizões contra os burgueses, reúnem-se para defender os seus salários. De tempos em tempos, os operários triunfam, mas é um triunfo efêmero. O verdadeiro resultado de suas lutas não é o resultado imediato, mas a união cada vez mais ampla dos operários, quando aí se formam os partidos políticos.
Aproveitando das constantes disputas internas da burguesia e da sua luta contínua contra a aristocracia, a classe operária organizada se farta dos elementos de sua própria educação fornecidas pela burguesia. De todas as classes que hoje se opõem à burguesia, apenas o proletariado é uma classe verdadeiramente revolucionária.
Os proletários só podem se apoderar das forças produtivas sociais suprimindo todo o modo de apropriação já existente até hoje. Os proletários nada têm de seu para salvaguardar, o seu movimento é independente da maioria no interesse da imensa maioria.
Esboçando as fases mais gerais do desenvolvimento do proletariado, seguimos a guerra civil mais ou menos oculta dentro da sociedade atual, até o momento em que ela explode numa revolução violenta e aberta.
A burguesia produz acima de tudo, seus próprios coveiros. Seu declínio e a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis.





II

Proletários e comunistas

Os comunistas não constituem um partido à parte, oposto aos outros partidos operários.
O objetivo imediato dos comunistas é o mesmo que o de todos os demais partidos proletários: constituição do proletariado em classe, derrubada da dominação burguesa, conquista do poder político pelo proletariado.
Sua teoria se resume na abolição da propriedade privada burguesa, por entender que essa cria capital e só pode aumentar havendo a exploração do trabalho assalariado. A burguesia chama a supressão dessa situação de supressão da personalidade e da liberdade. E com razão! Trata-se realmente da supressão da personalidade, da independência e da liberdade do burguês.
A propriedade privada se resume a uma pequena parcela da sociedade e os comunistas e proletários, já despossuídos, querem realmente abolir a propriedade existente, uma propriedade burguesa.
O comunismo não priva ninguém, de se apropriar dos produtos sociais; o que faz é eliminar o poder de subjugar o trabalho alheio por meio dessa apropriação.
A família burguesa, plenamente desenvolvida, desaparece com a derrubada do seu complemento.
Os comunistas procuram substituir a educação doméstica pela educação social, procuram transformar o seu caráter, arrancando a educação da influência da classe dominante.
Os operários não têm pátria. Na medida em que é abolida a exploração de um indivíduo por outro, é abolida também a exploração de uma nação por outra.
A revolução comunista é a ruptura mais radical com as relações tradicionais de propriedade, no curso de seu desenvolvimento ela rompe de maneira mais radical com as idéias tradicionais.
Medidas a serem tomadas em diferentes países mais avançados:
1. Expropriação da propriedade fundiária e emprego da renda da terra nas despesas do Estado.
2. Imposto fortemente progressivo.
3. Abolição do direito de herança.
4. Confisco da propriedade de todos os emigrado e rebeldes.
5. Monopólio de crédito nas mãos do Estado, através de um banco nacional.
6. Centralização dos meios de transporte nas mãos do Estado.
7. Multiplicação das fábricas nacionais; cultivo e melhoramento das terras segundo um plano comum.
8. Trabalho obrigatório e igual para todos.
9. Unificação dos serviços agrícolas e industriais.
10. Educação pública e gratuita para todas as crianças.

III
Literatura comunista e socialista

O socialismo reacionário tem em sua crítica e sua principal acusação contra a burguesia é a de que sob o seu regime se desenvolve uma classe que fará ir pelos ares toda a antiga organização social. O que mais reprovam a burguesia é o fate dessa Ter produzido um proletariado revolucionário.
O socialismo pequeno-burguês deseja estabelecer os antigos meios de produção e de troca, e com eles as antigas relações de propriedade. Em ambos os casos, tal socialismo é ao mesmo tempo reacionário e utópico.
O socialismo alemão é um socialismo influenciado pelo socialismo francês, portando um socialismo fora do contexto, ele esqueceu que a crítica francesa, da qual ele era um eco insípido, pressupunha a moderna sociedade burguesa com as correspondentes condições materiais de existência e uma apropriada constituição política- precisamente os pressupostos que, na Alemanha, ainda se tratava de conquistar.
O socialismo conservador ou burguês. Uma parte da burguesia deseja remediar os males sociais para garantir a existência da sociedade burguesa. Os burgueses socialistas querem a burguesia sem o proletariado.
Uma segunda forma desse socialismo procurava fazer a classe operária perder o gosto por todo movimento revolucionário, fazendo com que esse se dedicasse apenas a lutas por melhoramento administrativos que não mudam em nada as relações entre capital e trabalho assalariado.
O socialismo e o comunismo crítico-utópico não encontra em seus inventores condições materiais para a emancipação do proletariado, e opõem-se à procura de uma ciência social, de leis sociais, para criar tais condições. Querem melhorar a situação de todos os membros da sociedade, inclusive dos mais privilegiados, rejeitam toda a atuação política.
Tais proposições têm portanto um sentido puramente utópico e pouco a pouco caem na categoria dos socialistas reacionários ou conservadores, deles se distinguindo apenas pelo seu pedantismo, sua fé fanática e supersticiosa na eficácia milagrosa de sua ciência social.

IV
Posição dos comunistas diante dos diversos partidos de oposição

Os comunistas lutam para alcançar os interesses imediatos da classe operária, mas no movimento presente representa ao mesmo tempo o futuro do movimento. O partido em momento algum cessa de desenvolver nos operários uma consciência tão clara quanto possível do antagonismo hostil existente entre a burguesia e proletariado..
Em todas as partes os comunistas apoiam todo movimento revolucionário contra as condições sociais e políticas existentes, eles lutam e trabalham pelo entendimento entre os partidos democráticos de todos os países.
Os comunistas recusam-se a ocultar suas opiniões e suas intenções. Declaram que seus objetivos só podem ser alcançados com a derrubada violenta de toda a ordem social até aqui existente. Que as classes dominantes tremam diante de uma revolução comunista. Os proletários nada têm a perder nela a não ser suas cadeias. Têm um mundo a ganhar.
Proletários de todos os países, uni-vos!

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